Metaverso foi um dos termos mais pesquisados no Google após o Facebook anunciar que a empresa por trás da rede social mudou o nome para Meta, em referência ao novo universo que vem se formando ao agregar diversas tecnologias. Mas o que há de novo nesse contexto? Estamos falando apenas de realidade virtual? Confira!
Índice do Conteúdo:
O que é Metaverso?
O Metaverso é um ambiente coletivo, persistente e síncrono de conexões e experiências, dotado de atributos característicos de tecnologias imersivas, como realidade virtual e realidade aumentada, que pode evoluir experiências características dos games não lineares (mundo aberto, sandbox) e que, por meio da internet ultrarápida, pode se tornar uma plataforma de acesso massivo, destinada a diversas possibilidades (criação, consumo e monetização) com possíveis aplicações em diferentes indústrias e mercados.
O conceito de Metaverso remete à terminologia utilizada para indicar um mundo virtual, que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais. É um espaço coletivo e compartilhado, constituído pela soma de aspectos e funcionalidades relacionadas à realidade virtual, realidade aumentada e a Internet em si.
O termo Metaverso tenha sido usado pela primeira vez no livro Snow Crash (no Brasil, lançado também como “Nevasca”). É um livro de ficção científica escrito por Neal Stephenson no ano de 1992, inspirado na temática cyberpunk, mas que criou um estilo diferenciado dentro do segmento.
Sempre que o assunto “realidade virtual” vem a público, ocorre a inegável comparação com iniciativas como o Second Life (2003) e games como como Roblox (2006) e o Fortnite (2017), este último que além de explorar o conceito de “mundo aberto”, conectou-se com a cultura pop, incluindo diversos crossovers em parceria com o showbizz e indústria audiovisual.
O Facebook, atual Meta Platforms, anunciou a intenção de adotar o metaverso em sua plataforma. Acreditando que o metaverso é o futuro da internet e tecnologia, Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, mudou em 2021 o nome de sua empresa para Meta Platforms Inc., ou Meta. Ele diz que a empresa irá abranger tudo o que eles acreditam, focando na construção do metaverso.
Dúvidas mais comuns sobre o Metaverso:
Este é mm compilado de informações que serão atualizadas sistematicamente sobre, visando resolver as principais questões sobre o tema.
Como funciona o metaverso e o que é possível fazer lá?
No futuro metaverso, as pessoas poderão reproduzir todos os aspectos da vida no mundo virtual. Em comunicado à imprensa na ocasião do anúncio da mudança de Facebook para Meta, Mark Zuckerberg explicou o que será possível fazer no metaverso da seguinte forma:
“Você será capaz de fazer quase tudo que você possa imaginar — reunir-se com amigos e família, trabalhar, aprender, brincar, fazer compras, criar —, bem como experiências completamente novas que realmente não se encaixam na forma como pensamos sobre computadores ou telefones hoje.”
Metaverso e realidade virtual são a mesma coisa?
Não são. Realidade virtual (RV) é o uso de um sistema computacional para criar ambientes virtuais capazes de enganar os sentidos humanos — visão, audição, tato —, de maneira a possibilitar uma imersão completa nesse mundo simulado.
É importante destacar que a tecnologia de Realidade Virtual é parte central no metaverso, uma vez que é ela quem vai garantir o transporte a esse outro mundo digital. Mas a RV não é tudo. A construção desse universo amplo e integrado dependerá de muitas outras tecnologias, incluindo criptomoedas e NFTs.
Qual a relação entre NFTs e o metaverso?
NFT é um tipo de token baseado em blockchain e usado para provar a propriedade de itens digitais. A sigla vem do inglês “Non-fungible Token” (“Token não-fungível”, em tradução livre), que deriva do fato de esses tokens certificarem a exclusividade e a originalidade dos objetos virtuais.
Leia também: O que são NFTs?
Atualmente os NFTs são mais conhecidos pelo seu emprego na compra de arte virtual, mas isso não significa que a tecnologia se restringe a essa finalidade. Os tokens não-fungíveis poderão ser empregados para dar aos usuários acesso controlado a diversas plataformas, funcionando como uma chave de ingresso e trânsito no metaverso.
Metaverso e mundo dos Games
Second Life é um jogo de 2003 criado pela Linden Lab. O propósito do Second Life era de criar uma realidade paralela onde usuários poderiam jogar, socializar, trabalhar, comprar e vender propriedades, entre outras atividades. Houve muito interesse nos primeiros anos do jogo, com diversas iniciativas de marcas, inclusive no brasil.
Roblox, jogo criado em 2006, está se tornando um metaverso, com diversos jogos criados por outros desenvolvedores, dando a oportunidade dos usuários do Roblox de jogarem diversas coisas. Fortnite, criado em 2017, expandiu seu jogo, mais conhecido pelas suas partidas de jogos battle royale para permitir que seus jogadores assistissem curtas animados e apresentações musicais.
Em entrevista ao Washington Post, Tim Sweeney, CEO da Epic Games, definiu o metaverso como um playground online. “Seria uma espécie de playground online onde os usuários poderiam se juntar a amigos para jogar um jogo multiplayer como o Fortnite em um momento, assistir a um filme via Netflix no outro e levar os amigos para um test drive em um carro novo feito exatamente da mesma forma no mundo real e no virtual”, propõe.
Metaverso é um “mundo aberto” ou Sandbox?
Atualmente, podemos concluir que o metaverso pretende romper as amarras da linearidade, sendo plataforma de criação e consumo simultaneamente.
Mundo aberto ou openworld é um conceito de level design em que um jogador pode se mover livremente com liberdade considerável na escolha de como ou quando realizar os objetivos. O termo “mundo aberto” sugere a ausência de barreiras artificiais, em contraste com muros invisíveis e telas de carregamento, comuns em jogos lineares.
Um jogo em “mundo aberto” não implica, necessariamente, um “sandbox” verdadeiro. Em um jogo verdadeiramente “sandbox”, o jogador possui ferramentas para modificar o mundo e criar a forma como ele joga. Geralmente, jogos de mundo aberto ainda impõem algumas restrições ao ambiente do jogo, seja devido a limitações técnicas, seja pelas limitações do próprio jogo (como áreas bloqueadas) impostas pela linearidade.
Metaverso, Facebook e outras Techs
Segundo o Facebook (agora Meta), o metaverso é o próximo passo na jornada de conexões sociais e sua visão de futuro é justamente dar vida ao metaverso.
A mudança de nome do Facebook para Meta certamente significa que esse novo universo virtual é o principal objetivo da companhia para o futuro. Antes mesmo de a nova marca ser oficialmente lançada, a empresa já havia anunciado investimento de US$ 50 (cerca de R$ 277 milhões, em conversão direta) nos próximos dois anos para construção do metaverso.
Mas o metaverso não é um projeto exclusivo da Meta. A Microsoft, por exemplo, anunciou a chegada de avatares 3D ao Teams. A novidade faz parte do recurso Mesh, que atualmente oferece ambientes de trabalho em realidade virtual e realidade aumentada para o Teams, mas que no futuro englobará outras ferramentas de produtividade da companhia.
Mark Zuckerberg afirmou em entrevista ao site The Verge que o metaverso irá muito além do entretenimento. “Eu acho que o entretenimento vai ser grande parte disso, mas não acho que seja apenas jogos. Eu acho que este é um ambiente persistente e síncrono onde podemos estar juntos, o que eu acho que provavelmente vai se assemelhar a algum tipo de híbrido entre as plataformas sociais que vemos hoje, mas um ambiente onde você está incorporado nele”, disse o CEO da Meta em entrevista
A The Sandbox — que se define como plataforma onde os criadores podem monetizar ativos de voxel e experiências de jogo no blockchain — exibe sua pretensão criar um metaverso logo na página inicial. Roblox, Epic Games, Decentraland, Unity, Amazon e Nvidia são apenas algumas das muitas outras gigantes que estão investindo nessa próxima fase da Internet, na qual a conexão 5G — ou talvez 6G — será indispensável.
Como investir no Metaverso?
Para investidores ávidos por novas possibilidades, é possível destacar três maneiras bem simples de investimento no metaverso. A primeira delas é acumular moedas da plataforma e se tornar rico “naquele universo”. No caso do já citado Fornite, essa “moeda nativa” é a Moeda de XP, que pode ser usada para negociar itens dentro da plataforma.
A grande possibilidade nessa novo ambiente ultraconectado (com a entrada da tecnologia do bitcoin e das criptomoedas) é a possibilidade de uma pessoa ser “milionária” dentro de um jogo converter uma parte dessa fortuna em dinheiro que pode ser usado fora dele, em outras plataformas dentro do metaverso.
O caso que se tornou referência no mercado é o do Axie Infinity. Para entrar no game é preciso “comprar” personagens por meio da criptomoeda AXS. Dentro do jogo, as recompensas são dadas em outra moeda digital, a Small Love Potion (SLP).
Ambas as criptos também podem ser compradas e vendidas de forma separada nas plataformas de negociação (exchanges), mesmo quem não tem interesse no jogo. Com a explosão do interesse no Axie Infinity, quem investiu em AXS no início deste ano acumula um retorno de 28.071,1%.
A lógica é mais aplicada a jogos, mas também é possível fazer parte do metaverso por meio das redes sociais — daí o interesse da Meta. Ao entrar em uma plataforma, itens como roupas ou personagens (skins) são garantia de exclusividade pela tecnologia de certificados digitais, os NFTs. Além disso, é possível acumular moedas nativas dentro do jogo para comprar outros itens.
Ainda é possível ganhar dinheiro com o metaverso mesmo que você não se interesse em investir diretamente em criptomoedas. A alternativa mais tradicional envolve comprar ações de empresas que produzem jogos ou plataformas de olho nas demandas desse universo. O próprio Facebook pode ser uma alternativa, assim como as produtoras de games que já anunciaram interesse no segmento, como a Ubisoft e a EA — produtora dos jogos de futebol Fifa.
Não custa nada lembrar: o investimento em criptomoedas é extremamente arriscado e volátil. Os especialistas recomendam carteiras equilibradas, de acordo com o perfil do investidor, para evitar maiores perdas.
Metaverso, a realidade do futuro?
É preciso ter em mente que o metaverso é um projeto em fase inicial, e que tudo o que se fala sobre ele ainda é dito no campo das projeções. Porém, também devemos ter em mente que tais especulações não partem do nada – não são apenas ideias. Essas projeções são elaboradas a partir dos planos das gigantes de tecnologia, empresas que hoje lideram e determinam o que é a Internet.
Esse é um futuro em construção e o que acontecerá na próxima década ainda é incerto.
Para lideranças executivas do mercado, o metaverso será um complemento à Internet atual, não um substituto. E ele será acessado não apenas por meio de dispositivos de realidade virtual, mas estará presente também no PC, celulares e consoles de videogame. A medida que ele vai disputar o lugar com a web convencional, porém, é sempre debatida.
Não é possível garantir que o metaverso se concretizará.
Vários aspectos da tecnologia vigente precisam mudar para que esse mundo se torne realidade, incluindo uma internet ultrarrápida e de baixa latência. O atual 4G nos permite ficar conectados de qualquer lugar, mas não é capaz de lidar com o fluxo de dados de inúmeras plataformas de realidade aumentada e realidade virtual sendo acessadas por bilhões de usuários, simultaneamente.
Outro desafio é garantir que as empresas efetivamente construam plataformas intercambiáveis e compatíveis. (A.K.A. mal conseguimos unificar as conexões USB, imagine milhares de protocolos)
Se as grandes companhias oferecerem restrições quanto aos itens e experiências dos usuários oriundos de concorrentes, o metaverso como ele é pensado atualmente nunca chegará a acontecer. Teremos, no máximo, vários metaversos independentes, mas não uma experiência virtual geral compartilhada por todos.
O ponto crucial, porém, são as questões éticas que o metaverso traz consigo.
O próprio Facebook está constantemente envolvido em escândalos de privacidade — o mais conhecido deles, Cambrigde Analytica, impactando inclusive campanhas eleitorais. Não é razoável pensar que a companhia conseguirá garantir a segurança dos dados pessoais de seus usuários, especialmente em um futuro no qual vai dispor de muito mais informações.
Roger McNamee, um dos primeiros investidores da rede social e hoje ferrenho crítico ao Facebook, disse em entrevista à BBC que “o Facebook deveria ter perdido o direito de fazer suas próprias escolhas. Um regulador deveria estar presente dando pré-aprovação para tudo o que eles fazem. A quantidade de danos que eles causaram é incalculável”.
Se bem utilizada, a tecnologia poderá permitir um melhor desenvolvimento dos comportamentos de consumo. Imagine, ao andar na rua e passar por uma loja varejista, o seu visor — que contém seus dados de interesse e consumo —, dá um alerta, mostrando que o item de seu interesse está em promoção na loja física específica, já poderá aproveitar e fazer a sua compra por um preço melhor.
Ao sair para procurar entretenimento, passando a frente de casas de shows, boates, bares, já receberá informações do número de presentes, o espetáculo em cartaz, até efetuar a compra do ingresso antes de chegar na fila de entrada. Tudo seria mais prático.
O grande problema é: se comportamentos tóxicos ou criminosos que existem na internet atual, conseguirem adentrar neste Metaverso, o que faremos?
A resposta ainda não existe, mas imagine um bando de banners e pop-ups entrando na sua visão enquanto dirige, não será nada interessante nem seguro. Invasão de black hats — os hackers criminosos — fazendo ofertas falsas ou dando indicações erradas que levam a vítima a perder seus dados, sofrer scam, ou até ser levada para um local de assalto.
A evolução do Metaverso pode ser importante, mas a “realidade do futuro” não pode caminhar sem que se pense de forma séria nos possíveis problemas, que ela traz consigo.
Com informações de: Forbes, The Verge, Facebook,Whashington Post.